Tradução (com algumas liberdades) a partir desse site (em inglês) http://www.fluentin3months.com/icelandic/
Há cerca de 350.000 falantes da língua islandesa no mundo, sendo a maior parte compreendida pelos 323.000 habitantes da Islândia. O número de pessoa que vive na Islândia é quase o mesmo das que vivem em Belfast, capital da Irlanda do Norte.
Fazendo a matemática, apenas 0.005% das 7 bilhões de pessoas ao redor do globo falam Islandês. Considerando as línguas existentes no mundo, é válido dizer que a língua nativa da Islândia é peixe pequeno.
A história da Islândia, porém, é uma que definitivamente pode criar interesse de linguistas de todos os lugares.
Muitas línguas antigas morreram devido a influências externas, a corrupção oriunda de outras línguas, incapacidade de acompanhar os assuntos modernos, ou mesmo falta de interesse cultural dentro de uma nação.
Apesar de o número de falantes do islandês estar declinando, o fato é que ele se manteve, mais ou menos intocado, desde tempos medievais e continua a ser falado, o que significa que não é causa de muita preocupação, pelo menos neste século... E muita para celebração.
Islandês é uma língua extremamente intrigante por diversos motivos pouco conhecidos. Leia mais para descobrir o porquê!
ISLANDÊS: UMA BREVE INTRODUÇÃO
O islandês é considerado uma linguagem indo-europeia, no qual pertence a um
subgrupo de linguagens norte-germânicas. Esse grupo já conteve cinco línguas,
incluindo norueguês, feróico (língua nativa daqueles que moram nas ilhas Feroé,
que também é falada em algumas partes da Dinamarca) e as línguas extintas de
Norna (antiagamente faladas nas ilhas nortenhas de Orkney e Shetland, ao norte
escocês) e groenlandês nórdico. É mais relacionada ao norueguês e ao feróico,
especialmente ao último, em que a versão escrita lembra muito islandês.
O
islandês não é diferente do nórdico antigo, uma linguagem medieval. Na
realidade, o islandês é considerado como um dialeto do nórdico antigo. É
considerada uma língua insular no sentido que não foi muito influenciada por
outras línguas e não mudou muito desde o século IX e X.
A língua
islandesa é considerada parte na identidade nacional do país, a qual os
islandeses tem grande orgulho e também fazem grandes esforços para preservar.
FATO 1: O ISLANDÊS SÓ FOI NOMEADA LÍNGUA OFICIAL DA ISLÂNDIA EM 2011
Apesar do
isolamento geográfico da Islândia (assim como o histórico - foi um dos últimos
países europeus a ser colonizado), muitas línguas foram faladas lá desde que o
país foi descoberto pela primeira vez. Apesar de a história islandesa ter
começado com a chegada dos exploradores vikings, em sua grande maioria da
Noruega no final do século IX, existem evidências arqueológicas que indica que
monges gaélicos haviam estado na Islândia muito antes disso.
O
islandês foi preservado através dos séculos, apesar de inicialmente absorver
várias características da língua gaélica. Alemão, inglês, holandês, francês e
basco foram introduzidos, devido ao advento de rotas de trocas aos norte, com
alguns mercadores e clérigos morando na Islândia. O islandês também foi ameaçado
durante o reinado Dinamarquês. Foi por volta do século XVIII que um movimento
para manutenção da pureza da linguagem começou, e continua até hoje.
Apesar de
o islandês ter sido a língua nacional da Islândia durante toda a história do
país, ela somente se tornou "a língua oficial" através do Ato no.
61/2011, que foi adotado pelo parlamento do país em 2011.
A
linguagem de sinais islandesa também foi reconhecida no mesmo ano e tornou-se a
primeira e a língua oficial da comunidade surda do país.
FATO 2: OUVIR ISLANDÊS É UMA FORMA DE VIAGEM NO TEMPO
Quando
você olha para as estrelas em uma noite limpa, você está vendo o que sobrou de
sua fonte original, em algumas instâncias há milhares de anos atrás. De certa
maneira, você não está apenas observando o céu... Você está olhando para o
passado.
Ouvir
alguém falar islandês não é uma experiência diferente. A língua mudou muito
pouco através do tempo, permanecendo honesta ao islandês que existia na Idade
Média.
Como é um
país tão pequeno e escassamente populado, o mesmo dialeto foi falado por
centenas de anos. Mais do que isso, grandes esforços foram feitos para manter a
língua pura através dos séculos, num ponto em que textos do século XII (como as
sagas) podem ser lidos e compreendidos pelos falantes da língua moderna.
O
islandês mantém-se como a língua viva mais próxima do feróico (ou feroês), que,
juntamente com o nórdico antigo, forma o que é conhecido como as linguagens
escandinavas ocidentais. O norueguês moderno, antigamente não muito diferente
do islandês e do nórdico antigo, foi amplamente influenciado pelo sueco e
dinamarquês ao longo do tempo, devido à sua localização próxima à Escandinávia
Oriental.
O termo
Íslenska foi primeiro concebido no século XVI para descrever a língua nativa do
país. Isso foi durante um período em que um esforço pesado era feito para
preservar a língua de ser influenciada por palavras estrangeiras, especialmente
dinamarquês.
O
movimento a favor da pureza da linguagem foi amplamente instigado por Eggert
Ólafsson (1726-1768) que era um explorador e escritor islandês. Ólafsson era
conhecedor da antiga literatura islandesa e apaixonado por sua língua, país e
cultura. A partir de vários poemas e textos, ele escreveu seu primeiro
dicionário ortográfico para o islandês (que dita o sistema de ortografia de uma
língua). O que Ólafsson escrevia tinha influência considerável sobre o país
naquela época.
O
movimento de pureza linguística foi iniciado e continuou a ganhar momento
durante os séculos seguintes. Foi muito ajudado pelo crescimento do Romantismo,
em particular, que ajudou a desencadear um interesse em mitologia Nórdica.
Fatores chave foram a fundação da Íslenska lærdómslistafélag (Sociedade de
aprendizado de Arte da Islândia), onze anos após a morte de Ólafsson, a
compilação da gramática islandesa, escrita pelo linguista dinamarquês Rasmus
Rask (que também ajudou a formar a Hið íslenska bókmenntafélagið (Sociedade
Literária Islandesa) e a publicação do jornal Fjölnir por quatro intelectuais
islandeses residentes de Copenhague no século XIX.
A
regulamentação da língua islandesa pelo governo começou em 1918, quando a
Islândia deixou de estar sob domínio dinamarquês. Assuntos referentes à
linguagem moderna são agora supervisionados pelo Árni Magnússon, Instituto para
estudos de islandês.
FATO 3: LINGUISTAS ISLANDESES TIVERAM QUE CRIAR UMA PALAVRA PARA COMPUTADOR
Puristas
linguísticos tentem manter a estrutura do islandês quando alteram o
vocabulário. Seu objetivo é de manter a linguagem verdadeira às suas raízes
ancestrais e ao mesmo tempo útil para a vida moderna. Como você pode imaginar,
os assuntos de conversa mudaram significantemente desde os tempos medievais e
várias palavras e frases novas foram cunhadas desde então.
Os
islandeses tiveram que encarar duas opções - adotar palavras estrangeiras assim
como outras línguas, tais quais inglês e francês, fizeram, ou desenvolverem sua
própria. Eles escolheram ser criativos e criar suas próprias expressões, ou
alternativamente reviver antigas palavras que podem ser modernizadas. Por
exemplo a palavra "computador" simplesmente não existia em tempos
medievais, então um novo termo teve que ser criado - tölva. Essa palavra nova é
um misto e tala (número) e völva (uma bruxa ou vidente do sexo feminino). Então
a definição literal de computador em islandês é "bruxo dos números"!
Esse pode ser um processo longo e o empréstimo de palavras (palavras
emprestadas de outra língua - pense em "weekend", fim de semana, em português,
que tem o mesmo significado tanto em inglês quanto em francês), pode ser usado,
apesar de a escrita frequentemente ser manipulada para parecer islandês. Um
exemplo disso é plís para "please" (por favor, em inglês), que não
existe em islandês e frík, que é traduzido para "freak".
O fato de
o islandês ter prevalecido por tanto tempo, sobrevivendo ao teste do tempo
e influências estrangeiras, atesta ao quão importante a linguagem é para a
identidade dessa pequena nação.
FATO 4: NAS ESCOLAS DA ISLÂNDIA, APRENDIZADO DE LÍNGUAS É PRIORIDADE
Apesar do
movimento para manter a língua islandesa pura, islandeses reconhecem o mérito
em aprender diversas linguagens estrangeiras.
Ambos o
inglês e o dinamarquês (ou outra linguagem escandinava) são de ensino
compulsórios no ensino de uma escola islandesa. Dinamarquês é ensinado devido
aos seus laços históricos com a Islândia. Inglês é a segunda opção, já que é
visto como a principal língua internacional.
Durante
sua educação, é oferecido aos estudantes a opção de aprender uma terceira
língua, tradicionalmente alemão ou francês, sendo que espanhol vem se tornando
uma escolha em anos recentes.
FATO 5: ISLANDESES RARAMENTE TÊM SOBRENOMES
O nome de
um indivíduo na Islândia não reflete sua linhagem histórica familiar. Ao invés
disso, indica quem é seu pai ou sua mãe.
O
primeiro nome do pai é usado com base para o sobrenome da criança. Se Kjartan
Thorirsson e Sigurbjörn Thorvalddóttir tivessem 2 filhos, Hrefna and Finnur,
seus nomes seriam, respectivamente, Hrefna Kjartandóttir e Finnur Kjartansson.
Isso seria traduzido como “filha de Kjartan” e “filho de Kjartan”. O sistema de
nomenclatura patronímico é a forma mais comum usada na Islândia, por tradição.
Porém, devido a igualdade de gêneros, hoje em dia não há nada que impeça pais
islandeses de nomear seus filhos através do nome materno.
Diferente
da tradição ocidental de juntar os sobrenomes quando casados, islandeses mantêm
seus nomes originais. Eles não poderiam utilizar o sobrenome do cônjuge, uma
vez que isso indicaria que eles tornaram-se filhos ou filhas diretas de outra
pessoa, o que logicamente não faria nenhum sentido!
Depois de
dar a luz, islandeses normalmente não nomeiam seus filhos na hora. Ao invés
disso, eles esperam por um certo período de tempo, para ver como a
personalidade deles se desenvolvem. Nesse meio tempo, eles chamam a criança de
Stúlka se é menina ou Drengur se é menino.
Quando
chega a hora de escolher um nome, os pais são obrigados por lei a ater-se a uma
lista aprovada de primeiro e segundo nomes. Existem mais de 1800 opções para
meninas e 1700 para meninos. Se eles querem nomear a criança de maneira que
ainda não foi usada na Islândia, eles mandam um pedido para o Comitê de
Nomeação Islandês.
Nomes são
aceitos ou rejeitados com base se eles podem ser facilmente incorporados na
linguagem islandesa. Em 2014, uma familia britânica/islandesa recorreu a uma
decisão feita pelo Registro Nacional de não renovar o passaporte de sua filha,
por seu nome ser Harriet. Antes da não-renovação, Harriet e seu irmão Duncan
estavam viajando com passaportes com os nomes “Stúlka” e“Drengur”.
Muitos acham essas regras bobas e sem sentido. Porém, é graças a diretrizes rigorosas parecidas com essa que o islandês foi capaz de continuar sendo amplamente falado em seu país de origem e resistiu tanto à corrupção quanto à extinção, diferente de muitos de seus colegas Norte-Germânicos.
Muitos acham essas regras bobas e sem sentido. Porém, é graças a diretrizes rigorosas parecidas com essa que o islandês foi capaz de continuar sendo amplamente falado em seu país de origem e resistiu tanto à corrupção quanto à extinção, diferente de muitos de seus colegas Norte-Germânicos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário