terça-feira, 3 de novembro de 2015

5 Fatos Curiosos sobre a Islândia


Tradução (com algumas liberdades) a partir desse site (em inglês) http://www.fluentin3months.com/icelandic/


Há cerca de 350.000 falantes da língua islandesa no mundo, sendo a maior parte compreendida pelos 323.000 habitantes da Islândia. O número de pessoa que vive na Islândia é quase o mesmo das que vivem em Belfast, capital da Irlanda do Norte.

Fazendo a matemática, apenas 0.005% das 7 bilhões de pessoas ao redor do globo falam Islandês. Considerando as línguas existentes no mundo, é válido dizer que a língua nativa da Islândia é peixe pequeno.

A história da Islândia, porém, é uma que definitivamente pode criar interesse de linguistas de todos os lugares.

Muitas línguas antigas morreram devido a influências externas, a corrupção oriunda de outras línguas, incapacidade de acompanhar os assuntos modernos, ou mesmo falta de interesse cultural dentro de uma nação.

Apesar de o número de falantes do islandês estar declinando, o fato é que ele se manteve, mais ou menos intocado, desde tempos medievais e continua a ser falado, o que significa que não é causa de muita preocupação, pelo menos neste século... E muita para celebração.

Islandês é uma língua extremamente intrigante por diversos motivos pouco conhecidos. Leia mais para descobrir o porquê!
ISLANDÊS: UMA BREVE INTRODUÇÃO

O islandês é considerado uma linguagem indo-europeia, no qual pertence a um subgrupo de linguagens norte-germânicas. Esse grupo já conteve cinco línguas, incluindo norueguês, feróico (língua nativa daqueles que moram nas ilhas Feroé, que também é falada em algumas partes da Dinamarca) e as línguas extintas de Norna (antiagamente faladas nas ilhas nortenhas de Orkney e Shetland, ao norte escocês) e groenlandês nórdico. É mais relacionada ao norueguês e ao feróico, especialmente ao último, em que a versão escrita lembra muito islandês.

O islandês não é diferente do nórdico antigo, uma linguagem medieval. Na realidade, o islandês é considerado como um dialeto do nórdico antigo. É considerada uma língua insular no sentido que não foi muito influenciada por outras línguas e não mudou muito desde o século IX e X.

A língua islandesa é considerada parte na identidade nacional do país, a qual os islandeses tem grande orgulho e também fazem grandes esforços para preservar.

FATO 1: O ISLANDÊS SÓ FOI NOMEADA LÍNGUA OFICIAL DA ISLÂNDIA EM 2011

Apesar do isolamento geográfico da Islândia (assim como o histórico - foi um dos últimos países europeus a ser colonizado), muitas línguas foram faladas lá desde que o país foi descoberto pela primeira vez. Apesar de a história islandesa ter começado com a chegada dos exploradores vikings, em sua grande maioria da Noruega no final do século IX, existem evidências arqueológicas que indica que monges gaélicos haviam estado na Islândia muito antes disso.

O islandês foi preservado através dos séculos, apesar de inicialmente absorver várias características da língua gaélica. Alemão, inglês, holandês, francês e basco foram introduzidos, devido ao advento de rotas de trocas aos norte, com alguns mercadores e clérigos morando na Islândia. O islandês também foi ameaçado durante o reinado Dinamarquês. Foi por volta do século XVIII que um movimento para manutenção da pureza da linguagem começou, e continua até hoje.

Apesar de o islandês ter sido a língua nacional da Islândia durante toda a história do país, ela somente se tornou "a língua oficial" através do Ato no. 61/2011, que foi adotado pelo parlamento do país em 2011.

A linguagem de sinais islandesa também foi reconhecida no mesmo ano e tornou-se a primeira e a língua oficial da comunidade surda do país.

FATO 2: OUVIR ISLANDÊS É UMA FORMA DE VIAGEM NO TEMPO

Quando você olha para as estrelas em uma noite limpa, você está vendo o que sobrou de sua fonte original, em algumas instâncias há milhares de anos atrás. De certa maneira, você não está apenas observando o céu... Você está olhando para o passado.
Ouvir alguém falar islandês não é uma experiência diferente. A língua mudou muito pouco através do tempo, permanecendo honesta ao islandês que existia na Idade Média.
Como é um país tão pequeno e escassamente populado, o mesmo dialeto foi falado por centenas de anos. Mais do que isso, grandes esforços foram feitos para manter a língua pura através dos séculos, num ponto em que textos do século XII (como as sagas) podem ser lidos e compreendidos pelos falantes da língua moderna.

O islandês mantém-se como a língua viva mais próxima do feróico (ou feroês), que, juntamente com o nórdico antigo, forma o que é conhecido como as linguagens escandinavas ocidentais. O norueguês moderno, antigamente não muito diferente do islandês e do nórdico antigo, foi amplamente influenciado pelo sueco e dinamarquês ao longo do tempo, devido à sua localização próxima à Escandinávia Oriental.

O termo Íslenska foi primeiro concebido no século XVI para descrever a língua nativa do país. Isso foi durante um período em que um esforço pesado era feito para preservar a língua de ser influenciada por palavras estrangeiras, especialmente dinamarquês.

O movimento a favor da pureza da linguagem foi amplamente instigado por Eggert Ólafsson (1726-1768) que era um explorador e escritor islandês. Ólafsson era conhecedor da antiga literatura islandesa e apaixonado por sua língua, país e cultura. A partir de vários poemas e textos, ele escreveu seu primeiro dicionário ortográfico para o islandês (que dita o sistema de ortografia de uma língua). O que Ólafsson escrevia tinha influência considerável sobre o país naquela época.

O movimento de pureza linguística foi iniciado e continuou a ganhar momento durante os séculos seguintes. Foi muito ajudado pelo crescimento do Romantismo, em particular, que ajudou a desencadear um interesse em mitologia Nórdica. Fatores chave foram a fundação da Íslenska lærdómslistafélag (Sociedade de aprendizado de Arte da Islândia), onze anos após a morte de Ólafsson, a compilação da gramática islandesa, escrita pelo linguista dinamarquês Rasmus Rask (que também ajudou a formar a Hið íslenska bókmenntafélagið (Sociedade Literária Islandesa) e a publicação do jornal Fjölnir por quatro intelectuais islandeses residentes de Copenhague no século XIX.

A regulamentação da língua islandesa pelo governo começou em 1918, quando a Islândia deixou de estar sob domínio dinamarquês. Assuntos referentes à linguagem moderna são agora supervisionados pelo Árni Magnússon, Instituto para estudos de islandês.

FATO 3: LINGUISTAS ISLANDESES TIVERAM QUE CRIAR UMA PALAVRA PARA COMPUTADOR

Puristas linguísticos tentem manter a estrutura do islandês quando alteram o vocabulário. Seu objetivo é de manter a linguagem verdadeira às suas raízes ancestrais e ao mesmo tempo útil para a vida moderna. Como você pode imaginar, os assuntos de conversa mudaram significantemente desde os tempos medievais e várias palavras e frases novas foram cunhadas desde então.

Os islandeses tiveram que encarar duas opções - adotar palavras estrangeiras assim como outras línguas, tais quais inglês e francês, fizeram, ou desenvolverem sua própria. Eles escolheram ser criativos e criar suas próprias expressões, ou alternativamente reviver antigas palavras que podem ser modernizadas. Por exemplo a palavra "computador" simplesmente não existia em tempos medievais, então um novo termo teve que ser criado - tölva. Essa palavra nova é um misto e tala (número) e völva (uma bruxa ou vidente do sexo feminino). Então a definição literal de computador em islandês é "bruxo dos números"! Esse pode ser um processo longo e o empréstimo de palavras (palavras emprestadas de outra língua - pense em "weekend", fim de semana, em português, que tem o mesmo significado tanto em inglês quanto em francês), pode ser usado, apesar de a escrita frequentemente ser manipulada para parecer islandês. Um exemplo disso é plís para "please" (por favor, em inglês), que não existe em islandês e frík, que é traduzido para "freak".

O fato de o islandês ter prevalecido por tanto tempo, sobrevivendo ao teste do tempo e influências estrangeiras, atesta ao quão importante a linguagem é para a identidade dessa pequena nação.

FATO 4: NAS ESCOLAS DA ISLÂNDIA, APRENDIZADO DE LÍNGUAS É PRIORIDADE

Apesar do movimento para manter a língua islandesa pura, islandeses reconhecem o mérito em aprender diversas linguagens estrangeiras.

Ambos o inglês e o dinamarquês (ou outra linguagem escandinava) são de ensino compulsórios no ensino de uma escola islandesa. Dinamarquês é ensinado devido aos seus laços históricos com a Islândia. Inglês é a segunda opção, já que é visto como a principal língua internacional.

Durante sua educação, é oferecido aos estudantes a opção de aprender uma terceira língua, tradicionalmente alemão ou francês, sendo que espanhol vem se tornando uma escolha em anos recentes.

FATO 5: ISLANDESES RARAMENTE TÊM SOBRENOMES

O nome de um indivíduo na Islândia não reflete sua linhagem histórica familiar. Ao invés disso, indica quem é seu pai ou sua mãe.

O primeiro nome do pai é usado com base para o sobrenome da criança. Se Kjartan Thorirsson e Sigurbjörn Thorvalddóttir tivessem 2 filhos, Hrefna and Finnur, seus nomes seriam, respectivamente, Hrefna Kjartandóttir e Finnur Kjartansson. Isso seria traduzido como “filha de Kjartan” e “filho de Kjartan”. O sistema de nomenclatura patronímico é a forma mais comum usada na Islândia, por tradição. Porém, devido a igualdade de gêneros, hoje em dia não há nada que impeça pais islandeses de nomear seus filhos através do nome materno.

Diferente da tradição ocidental de juntar os sobrenomes quando casados, islandeses mantêm seus nomes originais. Eles não poderiam utilizar o sobrenome do cônjuge, uma vez que isso indicaria que eles tornaram-se filhos ou filhas diretas de outra pessoa, o que logicamente não faria nenhum sentido!

Depois de dar a luz, islandeses normalmente não nomeiam seus filhos na hora. Ao invés disso, eles esperam por um certo período de tempo, para ver como a personalidade deles se desenvolvem. Nesse meio tempo, eles chamam a criança de Stúlka se é menina ou Drengur se é menino.

Quando chega a hora de escolher um nome, os pais são obrigados por lei a ater-se a uma lista aprovada de primeiro e segundo nomes. Existem mais de 1800 opções para meninas e 1700 para meninos. Se eles querem nomear a criança de maneira que ainda não foi usada na Islândia, eles mandam um pedido para o Comitê de Nomeação Islandês.

Nomes são aceitos ou rejeitados com base se eles podem ser facilmente incorporados na linguagem islandesa. Em 2014, uma familia britânica/islandesa recorreu a uma decisão feita pelo Registro Nacional de não renovar o passaporte de sua filha, por seu nome ser Harriet. Antes da não-renovação, Harriet e seu irmão Duncan estavam viajando com passaportes com os nomes “Stúlka” e“Drengur”.

Muitos acham essas regras bobas e sem sentido. Porém, é graças a diretrizes rigorosas parecidas com essa que o islandês foi capaz de continuar sendo amplamente falado em seu país de origem e resistiu tanto à corrupção quanto à extinção, diferente de muitos de seus colegas Norte-Germânicos.

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